sábado, 28 de agosto de 2010

Voltando a ser criança...

Dormir novamente em uma cama de solteiro, com adesivos colados na madeira, me fez voltar a ser criança. Eu não cabia mais ali, mas fazia questão de me apertar só para relembrar os bons tempos.

A cidade guarda alguns dos meus grandes segredos. Só chegar ali que ela me lembra de todos.

Não tem como não olhar para a escada do colégio e não lembrar dos namoricos, dos amigos comprando geladinho e voltando correndo para não perder a aula. As brincadeiras na rua da casa da minha avó. O pátio da igreja em que meu avô me levava para ver os pombos. A casa da minha professora preferida. Tudo tão perto e ao mesmo tempo tão distante.

Ao chegar na minha casa eu já encontro aquele cheiro gostoso de bolo, de café feito na hora. A mesa pronta para me receber com os melhores sabores. A comida da mamãe consegue ser a campeã. Ela sabe fazer o melhor bife com batata fritas e até o Tang gelado ganha um sabor especial, só perdendo para o suco de laranja, feito na hora, que a Teresa (empregada em casa há anos), faz.  

Em um guarda-roupa cheio de segredos eu posso encontrar alguns sobreviventes da minha coleção dos Cavaleiros do Zodíaco. O meu boneco preferido, o Cascão. O pijama listrado ainda está la (e pensar que até pouco tempo atrás ele era o meu preferido. Por isso ainda está lá). É só olhar pra cima e eu já vejo alguns dos meus discos preferidos, entre eles estava o da família dinossauro, guardado logo ao lado do Castelo de Greiskon e a minha primeira aproximação e também paixão por rock, um disco dos Beatles.



O meu cachorro, o Iuli, já latia sabendo que eu estava ali. Eu posso ficar meses sem vir para Guará que ele não deixa de festejar a minha chegada.

É claro que algumas coisas mudam. Minha irmã completando 13 anos. Saindo com as amigas, cheio de paqueras. E eu que pensava que seria muito ciumento quando ela chegasse nessa fase. Sim, eu estava certo. Eu morro de ciúmes. Cresceu aquela menininha que me chamava de 'limão' e gostava de dormir comigo. Minha companheira de video-game agora me deixou na mão e saiu com as amigas para o cinema.

Minha mãe, essa continua a mesma, achando que o seu 'menininho' não cresceu nada. Ela ainda faz questão de me lembrar que devo escovar os dentes e acha que eu não tenho idade para sair após às 22h. Dormir fora? Nem pensar.

Eu sempre achei que vir para casa da minha mãe era uma forma de recarregar energias para voltar para a minha casa. Saio daqui mais forte, com a certeza de que eu troquei a Terra das Garças Brancas pela Selva de Pedras, mas que deixei a minha criança aqui. Pronta para me receber com ínúmeras lembranças sempre que eu voltasse.

Cascão, Mamãe e Eu

23 comentários:

  1. Coisa mais fofa essa foto com o Cascão!!!

    Na verdade a coisa mais mágica do mundo é esse momento em que nos deparamos com nossa infancia, mesmo que por uns dias. Te digo uma coisa, leva um pouco dessa criança de volta pra selva de pedras e vai ver que tudo vai ficar mais fácil, como quando seu maior problema era ter tempo de comprar o geladinho e voltar correndo pra aula. :)

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  3. Todos temos um baú de surpresas em nossas vidas. Nós que somos de uma mesma geração temos as mesmas coisas em comum. Hj o que a molecada se lembrará? Do virtual, do intocável. Será que terão seus brinquedos? Será que a velocidade das coisas de hoje os farão lembrar do cheiro do bolo de chocolate da mamãe ou somente da coca-cola, ou nem dela pq terão conhecido a Tequila e a cerveja.
    ahahaahaha! Brincadeira.
    Eu também sinto saudades do que fiz na minha infância. Mesmo ela tendo sido sofrida. Mas foi ela que deu a base pra eu ser esse nerd que sou.

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  4. Não dou conta de encarar a infância assim. Morro de saudades.
    Da último vez, não consegui me segurar e comecei a chorar lembrando de um dia específico de brincadeiras com meus irmãos e primos. Não sabia se chorava de rir ou chorava de chorar mesmo. rs!

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  5. E eu nunca gostei do cascão, sempre preferi o cebolinha.

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  6. Delicinha de texto...
    Não há como não se emocionar ao lembrar de momentos da infância. Interessante que são pequenos acontecimentos, que quando contamos a outros parecem tão ridículos, que mais nos marcam e emocionam. Até hoje lembro com maior carinho de quando dormia com minha irmã na sala em uma sofá-cama, sempre de mãos dadas. Achar graça no pinico que havia dentro de casa porque o banheiro era fora. Hoje, relembrar desses momentos pode explicar muito do porque chegamos onde estamos.
    Atualmente, a maior saudade que tenho de ser criança é de poder ver o mundo somente através de meus olhos, da forma mais simples possível, e não me sentir egoísta. A verdade é que quando somos crianças nós vivemos somente para nós e hoje todo o ambiente influência nessa visão.
    Enfim... Menino!!! Eu tenho esse boneco dos Cavaleiros! Na verdade tenho vários! Maior amor por eles! kkkk

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  7. que lindo texto! O cheiro e o sabor da infância são inesquecíveis. Àqueles que deixaram cair em torpor, a vida não deve ser a mesma de quem brinca de ser adulto, livre e leve.

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  8. Acabei de ler o texto e fiquei emocionado. Me deu uma saudade lá de Minas...
    É tão bom estar ao lado de nossos amigos de infância e dos nossos familiares! Sempre que preciso de recarregar as energias volto pra lá...
    As lembranças são diferentes, já que sou 10 anos mais velho que você...rss. Os brinquedos e vinis infantis não existem mais, já que meu irmão mais novo, agora com 31 anos, encarregou-se de dar fim em tudo! A única coisa que ainda tenho é um Atari...nem se lembra disso, né?...hehe!
    Os amigos e amigas já estão quase todos casados e com filhos. O sobrinho mais velho já tem 20 anos e o mais novo 5...
    Mas o mais gostoso é ir para lá e viajar no tempo, como se fosse ontem! É passar um filme pela mente, ver que tudo mudou, mas que tudo está no seu devido lugar!
    Você não merecia o meu comentário pela sua ausência, mas aqui estou fazendo a minha parte...hehehe! Saudades amigo!
    Ótimo fim de semana e curta bastante o saudosismo...rss.

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  9. Lindo, heim Lucas !
    Conhecer voce é muito legal nesse blog.
    Aqui é tão inocente !

    E "esperai" !! Quantos anos vc tem mesmo ?
    Sempre falamos que o Lucas tem uns 57 anos e fica falando q tem 20 e poucos...

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  11. Gostei - muito - do texto, e mais ainda a foto!

    besos

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  13. Post mais fofo não há ^^.

    Voltar p/ casa é como abrir uma caixa de lembranças mesmo, que vai se abrindo e se revelando à medida que se interage com o espaço. Como eu sempre mudei muito de residência (posso até dizer que nasci numa família de ciganos – rs) minhas memórias vinculadas com os lugares que eu morava acabaram se espalhando. Talvez eu nunca mais resgate algumas destas através do contato visual.

    Depois de ler tuas linhas pude fechar os olhos e abrir a minha caixinha, e o que eu encontro:

    - Eu era um menino do mato (rs), adorava fazer trilha e ficar andando pelos sítios que tinham numa região lá perto de onde eu morava. Eu e uns amigos costumávamos ir lá de bike pra pegar mangaba, manga, caju, pitanga, tudo no pé, e aproveitávamos pra ir tomar banho de rio.

    - Adorava brincar na rua também, e a turma da rua era imensa. Todos os dias nos juntávamos pra brincar, e cada dia elegíamos uma ou duas brincadeiras diferentes, sendo que, na grande maioria das vezes, a eleita era esconde-esconde. Existiam vários lugares incríveis pra se esconder lá onde eu morava. Tinha duas mangueiras gigantes que eu sempre escalava e ficava lá em cima observando tudo, até que uma vez fui picado por um marimbondo na testa, e minha mãe me proibiu de subir a mangueira (rs).

    - Todos os sábados meu pai juntava meus primos e levava todo mundo pra praia, e eu sempre gostava que ele levasse pra Pirangi, que é uma praia que antigamente era cheia de recifes de coral, com piscinas naturais. Lá eu esquecia a brincadeira com meus primos, e ficava olhando os peixes nas piscinas naturais, e ficava horas nisso. Algumas vezes levava máscara e snorkel, e ficava flutuando e observando os peixes dentro d’água. Uma delícia. Também lembro como se fosse hoje quando meu primeiro aquário imenso chegou lá em casa, quando eu tinha por volta dos seis anos. Ele abriu caminho pra um mundo que era só meu, e era meu refúgio pessoal.

    [...]

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  14. [...]

    Eu fico triste ao ver que as crianças de hoje não tem a mesma vida que tivemos oportunidade de usufruir, e isso implica em tanta coisa no subconsciente... As memórias do passado, da infância, são as coisas mais valiosas que carregamos em nossas vidas, e ninguém é capaz de roubar. Bem verdade que, à medida que o tempo passa, tudo isso fica mais e mais distante, sendo substituído por desamores, rancores, decepções, tristeza, raiva, ódio, dentre outros sentimentos nada nobres. A única coisa que vejo como capaz de deixar tudo isso fluido é o contato com a criança interior.

    Guardo meus Comandos em Ação, bonecos do He-Man, Rambo, Transformers, HQs, card games, RPGs, jogos de tabuleiro, etc. porque eles são responsáveis pelo meu resgate da minha criança interior numa maior intensidade, assim como ter aquário em casa, andar de patins e tal.

    Que massa que você tem bonecos do Cavaleiros do Zodíaco! Foi meu desenho favorito por muito e muito tempo... Tenho paixão por action figures, ainda preciso te mostrar parte da minha coleção (porque o restante tá na casa dos meus pais). Eu também tive Castelo de Greyskull, mas as várias mudanças de residência castigaram ele =^(

    Dei risada quando você falou da sua mãe. A minha é do mesmo jeito. Quando eu vou pra casa ela esconde a chave da porta pra não me deixar sair à noite (HAHAHAHAHAHAHA).

    A Priscylla falou algo MUITO verdade: toda vez que você for pra Guará, traga pra Selva de Pedras o Luquinhas, e cuide dele. Dê muito Amor pra ele.

    E perceba que a vida adquire um tom muito mais aprazível...

    P.S.: Traz o Cascão pra Sampa! HAHAHAHA
    P.S.2: Escrevo mesmo =^P
    P.S.3: Facilita né, Blogspot?

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  15. P.S.4: O Wagner é o blog 2 dentro do blog do Lucas.
    P.S.5:Legal conhecer ele pelos comments tbem, rsrsrsr

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  16. aaahhhh amore!!!! adorei o texto, mas o que gostei mesmo foi a tua foto bebê... que coisa linda!!!!!! agora já sei como vai ser o nosso bebê, vai ser fofinho como vc, com meus olhos azuis ;) hehehe

    beijos
    te amo!!!

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  17. Como a vida das pessoas pode ser tão diferente e tão igual ao mesmo tempo... sou menino de cidade grande, até chegar a adolescência foram cinco endereços, e de lá pra cá, mais cinco...

    Padrão de vida alto, pais liberais, nenhum ciúme da irmã, repetência, 4 escolas, tudo isso levando a uma adolescência de inconsequência e rebeldia... a sedução do novo sempre foi maior que o apego ao antigo.
    Não tenho nenhum brinquedo, roupa, livro e nem disco da infância guardado... conforme ia crescendo me desfazia do que não servia mais; doava, jogava fora, perdia... e permitia que o futuro se tornasse presente com incrível velocidade!

    Claro que com as pessoas não era assim, nunca abandonei meus afetos dessa forma tão volúvel... mas cedo ou tarde a vida acaba afastando as pessoas... uma nova escola, um novo bairro, novos amigos, e mais uma vez o deslumbramento com a novidade fazia a dor da separação ser rapidamente superada!

    Felizmente a internet permite reencontrar velhos amigos, a possibilidade de retornar a casa da minha infância é remota, ter contato com brinquedos antigos impossível... mas ler seu texto me fez ver que apesar de ter esse temperamento de seguir em frente sem olhar pra trás, o que vivemos na infância fica tatuado no coração.

    Tanto faz se nossas lembranças de infância estão guardadas num armário na casa da mãe, ou em nossas memórias... de tempos em tempos é sempre bom recorrer ao flashback pra não nos esquecermos de onde viemos, e sabermos o porque de sermos quem somos hoje...

    Seu texto é lindo Lucas, sensível e comovente... ler suas palavras é como receber um longo e apertado abraço de um velho amigo que não vemos a muito tempo.

    E como comecei falando lá em cima, somos todos tão diferentes e tão parecidos ao mesmo tempo.

    Beijão principe, a cada post gosto mais de você!

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  18. Adorei o post, conhecer um pouco mais de vc é bom demais, so faz a vontade de ser teu amigo na real ser maior ainda.

    Gosto cada vez mais desse blog.

    E ja tem cara de marrento quando era criança ne?

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  19. Lucas, seu post me remeteu a minha infância.
    Algumas coisas em comum, outras nem tanto.
    Fase gostosa, essa né?
    Sinto muita saudade. Tenho em mente fatos bem detalhados, e inúmeras vezes me pego pensando nessas coisas, e um sorriso estampado no rosto.

    E woow, vc tem o boneco do Poseidon!! :D
    Eu tinha o Ikki, Dohko e Hyoga.
    Só o Hyoga sobreviveu. hehehe

    Mais uma vez, parabéns pelo belo texto.
    Dá pra sentir nele a sua emoção ao reviver todas essas lembranças.

    ;D

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  20. Voltar pra casa é sempre um evento. Quando saímos pra constriur o futuro sozinho e longe, nos inflamos de orgulho, sonhos e vontades que no dia a dia vão recebendo tantas marretadas desnecessárias, invejas pequenas e desencontros. Rever todos os "amuletos" que ganhamos da vida através das lembranças que nos trazem e da força que nos dão ajudam a continuar a caminhada. Parabéns pelo texto e volte mais vezes. A casa é sua. Hehehe Abraços

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  21. Porque vc faz isso comigo num dia que to tão sensível? Ontem ainda tava pensando nisso, na minha infância e adolescência, nas músicas que ouvia, nos brinquedos... Caramba! Amei o post, vc cada vez me deixando mais apaixonado pelo seu blog! Sempre dá vontade de copiar seu tema e fazer um post meu sobre rsrsrs... Vou resistir a essa tentação!

    Abração!

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  22. Parabéns pelo texto, muito bem escrito, com humor e algumas referências que muita gente se identificou (vide os comentários).

    A primeira foto me lembrou muito meu Cavaleiro do Zodiaco que minh amãe, não bastando comprar o da barraca da feira (made in china total), fez questão d epegar o Shun,aquele de cabelo violeta que na escola o pessoal dizia que tinha dado pro Cisne, quer dizer...

    Volto outras vezes. Abraço!

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